São Paulo em Imagens

domingo, 17 de abril de 2011

Não virei, mas estive lá

Passava um pouco do meio dia.Sob o sol forte, ao som da viola de 10 cordas de Almir Satter, começava a minha aventura. Mas vamos começar do começo.

Para quem, como eu, mora no centro de São Paulo, as movimentações para a Virada Cultural começaram bem antes do sábado. Já na terça-feira, começaram a chegar os banheiros químicos. Na quinta,começou a montagem dos palcos. Na sexta feira já haviam totens informativos espalhados pela cidade.

Eu pensei em começar a Virada Cultural pelo show da Rita Lee, mas acabei desistindo ao ouvir a previsão de 300mil pessoas no show. Previsão exagerada e errada, segundo vi no jornal, hoje, haviam 25mil pessoas, e estava tão tranquilo como tudo que participei. Paciência.

Escutei os primeiros sons da virada de dentro de casa mesmo, afinal estava a poucos metros do palco República. Mas, mesmo assim, acabei por não me animar a sair. Cheguei a pensar em algumas atrações da madrugada, como a batalha de sabres de luz às 4 horas no Anhangabau, mas não acordei.

Acabei mesmo saindo perto do meio-dia. Acabei por não levar nada comigo, assustado com alertas de possíveis assaltos. Me arrependi, todo mundo pode tirar fotos com câmeras e celulares, menos eu.

Mas tudo bem. Saí de casa, admirado por ver a inversão na cidade: as ruas, sempre ocupadas por carros, desta vez dominadas pelos pedestres. Mesmo naquelas onde o trânsito era permitido, como a Avenida Ipiranga, era a vez de os veículos avançarem cuidadosamente.

No centro da praça da República, uma árvore ocupada por pessoas em galhos e em redes, em protesto contra as árvores que foram derrubadas pela ação do homem.

Cheguei à rua Barão de Limeira, show do Almir Satter. Além de músicas instrumentais, outras bastante conhecidas, como Comitiva Esperança, Um Violeiro Toca e, para terminar, Chalana. Tudo entremeado com o carisma e as conversas do artista com a plateia.

Terminado o show, passei para a plateia do palco ao lado, na Avenida São João, onde a banda anglo-cubana Ska Cubano se apresentava. Apesar de apresentarem sucessos antigos, como Istanbul (Not Constantinople), Tequila e uma versão em espanhol, de Cantoras do Rádio, o público era muito mais composto de jovens. Boa parte reaggers, haviam dreads para todo lado. E muitos baseados, por todos os lados. Saí com os olhos irritados, mesmo que não tenha fumado. Devo dar destaque para a saxofonista do grupo, que deu um show a parte. Ponto para as mulheres.

Da São João para o Vale do Anhangabaú, passando por um palco montado no Paissandu, onde um grupo passava som diante de uma pequena plateia. Mas o meu objetivo estava um pouco mais adiante: na esquina da Avenida São João com a hoje inexistente Rua Formosa, um palco montado exclusivamente para uma única banda. Nele, Paul, John, George e Ringo se apresentavam. Não, na verdade eram Marcus Rampazzo, Fabio Colombini, Ricardo Felício, Ricardo Júnior e Edson (acredite!) Yoko: a banda Beatles 4ever, cover dos Beatles, em uma maratona ousada: a casa uma hora e meia, ao longo das 24 horas da Virada, tocaram as músicas de um dos discos da banda inglesa, totalizando os 16 discos originais dos Beatles. O disco que eu ouvi foi o Abbey Road, a partir do final de Come Together. No começo de Oh! Darling, o "Paul" ficou sem voz. Nada a estranhar, já era a 19ª hora da maratona. Por algum tempo, quem assumiu o vocal foi o "Ringo".

Durante a apresentação de Here Comes The Sun, alguns metros atrás da plateia, em um cabo de aço sustentado por um guindaste, dois acrobatas, vestidos de Batman e Mulher Maravilha, faziam performances no ar. Mas o mais interessante, naquele palco, foi ver desde jovens na faixa de 10, 12 anos, até senhores na faixa dos 60 acompanhando e cantando junto com a banda.

Terminado o show, fiz um rápido passeio pelo Vale do Anhangabaú, sem parar na arena de luta que havia, onde estava acontecendo uma simulação humorística de uma luta de boxe, ou no palco sobre o Viaduto do Chá, no show de Stand-Up. Subi a praça Ramos de Azevedo, pensando em uma pequena pausa para um descanso e comer alguma coisa. Na saida da praça, uma instalação com pessoas penduradas em uma armação, e dois rapazes deitados na rua, segurando guarda-chuvas.

Em frente ao teatro, quase fui atropelado por um Na'vi. Na verdade um cosplay, que estava seguindo para a lateral do Teatro Municipal, onde um "trio elétrico" tocando música japonesa e cheio de cosplayers.

Claro, não poderiam faltar os artistas de rua de sempre. Que se aproveitaram da virada para aparecerem mais. Inclusive o eterno grupo de indígenas equatorianos.

Depois de comer e descansar um pouco, voltei à maratona. Às 17horas, a última sessão de Stand Up comedy da virada. Ainda que eu considere que alguns dos comediantes que se apresentaram, como a personagem Nina de "A praça é nossa" e a dupla Comida dos Astros, não posso negar que foram mais de duas horas de muitos risos, terminando com as apresentações de Rafinha Bastos e Danilo Gentili, os dois que eu mais queria ver.

Terminada a apresentação de Stand-up, ainda tive a sorte, ao passar novamente pelo palco República, na volta, de ouvir a última música e o bis cantados pela suave voz de Paulinho da Viola, encerrando a virada. E encerrando o que chamei, no começo do texto de aventura, mas levando em conta que não tive e nem vi nenhuma ocorrência digna de nota, posso e devo mudar o temo para "descoberta".

E agora, aguardo a próxima.

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