São Paulo em Imagens

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vira, Vira, Virada !!!

(Este texto eu recebi por e-mail do Adelson, autor do primeiro texto deste blog, e eu publico com a autorização dele. É um outro ponto de vista sobre a Virada Cultural, e acho interessante mostrar porque, para cada participante, foi um evento diferente.)

Queridos,

Mais um ano de VIRADA CULTURAL DE SÃO PAULO, não precisa dizer que a expectativa é grande, as atrações muitas, e o tempo (24 horas) curto, enfim faz-se o que é possível, aproveita-se o máximo.

Rita Lee é um ótimo começo, chegamos para vê-la no Palco Julio Prestes, leia-se em frente à  Sala São Paulo, um pouco antes das 18:00 hs, não estava muito cheio e o show em seguida começou, assim como um mar de gente foi se formando, quando vimos estava lotado, e o "transsetê" do pessoal num vai-e-vem contínuo até atrapalhava, afinal estavam ali para curtir o show ou para ficar andando de um lado para o outro ? Mas voltando ao show, Rita irreverente como sempre, malhou literalmente os políticos e as politicagens, apareceu com um cover do Michael Jackson desnecessário, cantou canções de nossas vidas, pena que o som estava um pouco fraco, não dava para escutar muito, mas para quem, gosta, estava ótimo.

Saímos dali em meio a um tumulto por causa da multidão, mas seguimos pela R.dos Andradas e fizemos o quarteirão, ali encontramos diversos bares cheios com pequenos grupos de samba, e dos bons, a Virada serve também para descobrirmos "points" em lugares os quais não estamos acostumados a passar, dali fomos para a Estação da Luz assistir ao Balé da Cidade, não deu para ver muito, tinha muita gente de pé na frente, assim prejudicou bastante a visão, mas o que pudemos ver pareceu interessante. Em seguida fomos assistir a Big Bands no Parque da Luz, mas imaginem o que faltava ? LUZ !!! O caminho até o coreto aonde aconteceria os shows no completo breu, muita gente voltou, nem se arriscou a entrar. Ficamos esperando por quase 40 min e nada de começar, os músicos estavam lá, mas sem eletricidade não era possível, falta de organização, mas graças a ter acontecido isso, saímos dali e nos surpreendemos na Pinacoteca com o "Quarteto 4 Estações", um grupo ótimo, músicas boas, sax bem tocado, valeu a pena.

A "Orquestra da Câmara da USP" no Palco da Luz foi nosso próximo destino, lotado, não conseguimos cadeiras para sentar, mas ficamos num lugar legal que dava para ver bem, a orquestra foi bem até a quarta música, a partir daí as pessoas começaram a sair , as músicas não atraíam a atenção, eram muito intimistas para um espaço aberto, o maestro pecou na escolha do repertório, se tivesse apresentado o mesmo de há duas semanas atrás no Auditório Ibirapuera, o resultado seria muito melhor, mas a minha "sobrinha" Fabiane estava linda tocando seu violino, mesmo de longe deu para ver. Êta "tio" coruja ! 

A banda cover dos Beatles era nosso próximo destino, mas não conseguimos chegar perto, estava lotado, desistimos e fomos para casa dar uma descansada e ouvir um pouco de reggae, no caminho uma paradinha para pastel e caldo de cana, tem coisa melhor ?

Marina Lima no Palco do Arouche seria meu próximo programa, mas uma deitadinha que pretendia ser de 40 min, se tornou em um sono até as 05:30 da manhã, perdi a chance de vê-la, mas não faltará oportunidade.

Pela manhã, fomos em direção ao Largo de São Bento, fui perambular pelo Centro Velho de São Paulo, ali uma grata surpresa, no Palco da Rua XV de Novembro encontrei uma cantora ótima, Lu Horta, voz e ritmo no ponto, vale a pena prestar atenção nela.

A "monstro" alado da Art Trash estava em frente ao CCBB, um contraste perfeito, um trabalho feito de lixo em frente a um dos mais belos edifícios do início do séc.XX de São Paulo, pena que este ano não era possível entrar na obra como ano passado, havia maior interatividade, as visões externa e interna se complementando.

A Praça do Patriarca, o Viaduto do Chá, a Praça Ramos me aguardavam para uma bela sessão de fotos, seus contrastes, as pessoas, as esculturas, tudo motivo para uma foto, nunca havia realmente reparado o quanto são bonitas as esculturas ao lado do Teatro Municipal, um belo trabalho do arquiteto italiano Luiz Brizzolara baseadas nas óperas de Carlos Gomes, vale a pena ver.

Na Praça da República, uma figueira enorme foi "ocupada" por seres humanos vestidos de branco encarapitados em seus galhos, uma visão estranha, mas ao mesmo tempo familiar para quem é do interior, quantas mangueiras, goiabeiras, cajazeiros, etc nós não "trepamos" em nossa infância ? Por isto o protesto através da "ocupação" de uma árvore, para nos alertar da necessidade de preservá-las é válido, será que algum dia conseguiremos ?

De volta ao Palco São João, o "Sossega Leão" anima a galera, um reggae/forró, se existe isso, mas ao menos me pareceu ser, muito legal, alegre, divertido. No Palco do Arouche o "A Cor do Som" e "Os Incríveis" me transportaram através do tempo, a boa MPB-POP de ontem e de sempre. De volta à São João o "Ska Cubano" literalmente arrasa, um ritmo maravilhoso, o povo dança até não poder mais.

A "Blitz", que queria tanto ver, acabou ficando para uma outra vez, fui tirar uma sonequinha e de novo perdi a hora, pena, mas em compensação assisti ao "RPM", as músicas que tanto conhecemos, os arranjos quase os mesmos, a voz inconfundível e a galera dançando e cantando tudo, poderia dizer que ainda existe um tanto de "mágica" aí, essa volta após 8 anos é bem vinda, ao menos para nós com nossos cabelos brancos quando temos, nossas cinturas mais "avantajadas", nossos rostos mais marcados, mas pelo que pude verificar, o espírito continua o mesmo, somos "jovens' com eternos olhares 43, à espreita ou à espera de revoluções por minuto, com um alvorecer sempre próximo depois de madrugadas vívidas.

O que me surpreendeu neste ano foi, muito mais que em anos anteriores, a presença de crianças acompanhando os pais, muitos com carrinhos de bebês e todos curtindo adoidado, ontem na Pinacoteca tinha uma garotinha linda e irrequieta, ia de um lado para o outro, parava, olhava, dançava um pouco e aplaudia, participava, hoje no show do RPM, um garotinho de uns 4 anos, se esbaldava dançando, esses são apenas 2 exemplos, mas havia milhares deles, que venham muitas mais, espero vê-las no próximo ano, pois esse é o público das Viradas do futuro. Até lá.

Beijos e abraços,

Adelson

P.S. : Este ano tive a companhia de minha irmã Wandirinha e dos meus amigos Bill e Sarah, saímos juntos, curtimos juntos, muito obrigado por participarem comigo de um evento que tanto curto.

domingo, 17 de abril de 2011

Não virei, mas estive lá

Passava um pouco do meio dia.Sob o sol forte, ao som da viola de 10 cordas de Almir Satter, começava a minha aventura. Mas vamos começar do começo.

Para quem, como eu, mora no centro de São Paulo, as movimentações para a Virada Cultural começaram bem antes do sábado. Já na terça-feira, começaram a chegar os banheiros químicos. Na quinta,começou a montagem dos palcos. Na sexta feira já haviam totens informativos espalhados pela cidade.

Eu pensei em começar a Virada Cultural pelo show da Rita Lee, mas acabei desistindo ao ouvir a previsão de 300mil pessoas no show. Previsão exagerada e errada, segundo vi no jornal, hoje, haviam 25mil pessoas, e estava tão tranquilo como tudo que participei. Paciência.

Escutei os primeiros sons da virada de dentro de casa mesmo, afinal estava a poucos metros do palco República. Mas, mesmo assim, acabei por não me animar a sair. Cheguei a pensar em algumas atrações da madrugada, como a batalha de sabres de luz às 4 horas no Anhangabau, mas não acordei.

Acabei mesmo saindo perto do meio-dia. Acabei por não levar nada comigo, assustado com alertas de possíveis assaltos. Me arrependi, todo mundo pode tirar fotos com câmeras e celulares, menos eu.

Mas tudo bem. Saí de casa, admirado por ver a inversão na cidade: as ruas, sempre ocupadas por carros, desta vez dominadas pelos pedestres. Mesmo naquelas onde o trânsito era permitido, como a Avenida Ipiranga, era a vez de os veículos avançarem cuidadosamente.

No centro da praça da República, uma árvore ocupada por pessoas em galhos e em redes, em protesto contra as árvores que foram derrubadas pela ação do homem.

Cheguei à rua Barão de Limeira, show do Almir Satter. Além de músicas instrumentais, outras bastante conhecidas, como Comitiva Esperança, Um Violeiro Toca e, para terminar, Chalana. Tudo entremeado com o carisma e as conversas do artista com a plateia.

Terminado o show, passei para a plateia do palco ao lado, na Avenida São João, onde a banda anglo-cubana Ska Cubano se apresentava. Apesar de apresentarem sucessos antigos, como Istanbul (Not Constantinople), Tequila e uma versão em espanhol, de Cantoras do Rádio, o público era muito mais composto de jovens. Boa parte reaggers, haviam dreads para todo lado. E muitos baseados, por todos os lados. Saí com os olhos irritados, mesmo que não tenha fumado. Devo dar destaque para a saxofonista do grupo, que deu um show a parte. Ponto para as mulheres.

Da São João para o Vale do Anhangabaú, passando por um palco montado no Paissandu, onde um grupo passava som diante de uma pequena plateia. Mas o meu objetivo estava um pouco mais adiante: na esquina da Avenida São João com a hoje inexistente Rua Formosa, um palco montado exclusivamente para uma única banda. Nele, Paul, John, George e Ringo se apresentavam. Não, na verdade eram Marcus Rampazzo, Fabio Colombini, Ricardo Felício, Ricardo Júnior e Edson (acredite!) Yoko: a banda Beatles 4ever, cover dos Beatles, em uma maratona ousada: a casa uma hora e meia, ao longo das 24 horas da Virada, tocaram as músicas de um dos discos da banda inglesa, totalizando os 16 discos originais dos Beatles. O disco que eu ouvi foi o Abbey Road, a partir do final de Come Together. No começo de Oh! Darling, o "Paul" ficou sem voz. Nada a estranhar, já era a 19ª hora da maratona. Por algum tempo, quem assumiu o vocal foi o "Ringo".

Durante a apresentação de Here Comes The Sun, alguns metros atrás da plateia, em um cabo de aço sustentado por um guindaste, dois acrobatas, vestidos de Batman e Mulher Maravilha, faziam performances no ar. Mas o mais interessante, naquele palco, foi ver desde jovens na faixa de 10, 12 anos, até senhores na faixa dos 60 acompanhando e cantando junto com a banda.

Terminado o show, fiz um rápido passeio pelo Vale do Anhangabaú, sem parar na arena de luta que havia, onde estava acontecendo uma simulação humorística de uma luta de boxe, ou no palco sobre o Viaduto do Chá, no show de Stand-Up. Subi a praça Ramos de Azevedo, pensando em uma pequena pausa para um descanso e comer alguma coisa. Na saida da praça, uma instalação com pessoas penduradas em uma armação, e dois rapazes deitados na rua, segurando guarda-chuvas.

Em frente ao teatro, quase fui atropelado por um Na'vi. Na verdade um cosplay, que estava seguindo para a lateral do Teatro Municipal, onde um "trio elétrico" tocando música japonesa e cheio de cosplayers.

Claro, não poderiam faltar os artistas de rua de sempre. Que se aproveitaram da virada para aparecerem mais. Inclusive o eterno grupo de indígenas equatorianos.

Depois de comer e descansar um pouco, voltei à maratona. Às 17horas, a última sessão de Stand Up comedy da virada. Ainda que eu considere que alguns dos comediantes que se apresentaram, como a personagem Nina de "A praça é nossa" e a dupla Comida dos Astros, não posso negar que foram mais de duas horas de muitos risos, terminando com as apresentações de Rafinha Bastos e Danilo Gentili, os dois que eu mais queria ver.

Terminada a apresentação de Stand-up, ainda tive a sorte, ao passar novamente pelo palco República, na volta, de ouvir a última música e o bis cantados pela suave voz de Paulinho da Viola, encerrando a virada. E encerrando o que chamei, no começo do texto de aventura, mas levando em conta que não tive e nem vi nenhuma ocorrência digna de nota, posso e devo mudar o temo para "descoberta".

E agora, aguardo a próxima.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cenas inusitadas

No centro de São Paulo, não é incomum vermos cenas inusitadas como as que estão registradas nas fotos abaixo.

Esta primeira foi feita no dia 12 de fevereiro. O dia estava bastante quente, insuportável mesmo. Percebendo que o vento que saia pela grade de ventilação do metrô era fresco e agradável, o morador de rua improvisou a sua própria versão de ar-condicionado:

Esta segunda, já foi feita hoje. Apesar de inusitada, esta já é uma cena intencional, o "banhista" estava sendo filmado e dirigido. A equipe de produção era formada por de cerca de dez pessoas, entre ele, diretor, cameramen e pessoal de apoio:

De qualquer maneira, são situações que não são usuais de serem encontradas na maioria das cidades. Mas que acontecem em São Paulo.

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Festa

Não foi a festa de lançamento do blog, claro. Na verdade, o lançamento do blog pode ser considerado parte desta festa, já que a data do aniversário da cidade foi proposital.

Circulei um pouco pelos dois eventos, Anhangabaú, pela manhã e à tarde (fui à tarde), e o show na Avenida Ipiranga, em frente à Praça da Rapública, que começou por volta das 17hs e foi até quase as 23hs. Neste eu estive mais pelo final, mas pude escutar o show todo do meu apartamento.

Quando é para bater, a gente bate, então, se as coisas funcionam, devemos elogiar, também, é claro! E eu tenho de parabenizar a organização dos dois eventos. Tudo o que eu vi esteve perfeito. Havia segurança ostensiva (Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana e segurança privada), postos médicos espalhados por todos os lados, uma boa quantidade de sanitários químicos e muita tranquilidade. Deu para circular, aproveitar, fotografar, curtir...

Os únicos senões que eu acrescentaria foram o tobogã, que deu uma certa sensação de fragilidade, mas ficou na sensação, já que não foi registrado qualquer incidente, e a balada que, ao menos quando eu passei por lá, estava vazia e completamente desanimada, como vai poder ser visto na foto.

De qualquer maneira, foi gostoso de ver, foi divertido estar lá. E ouvir o Paulo Miklos cantando Ronda foi, na minha opinião o ponto alto da festa.

E estar alí, o melhor de tudo.

Parabéns, São Paulo!

 

 

Nasce (oficialmente) o projeto!

São Paulo é uma cidade sem muito meios-termos. Ou a pessoa se apaixona por ela, ou a detesta. Especialmente quem, como eu, como muitos que moramos aqui, vem de fora.
Arrisco-me a dizer que quem nasceu aqui não consegue compreender a letra de "Sampa", que ilustra este post, com a mesma profundidade que quem vem "de outro sonho feliz de cidade e aprende depressa a chamar-te de realidade".

Há muito tempo eu venho acalentando a ideia de um blog falando de São Paulo, de seus tipos, de seus lugares, de suas histórias, de seus personagens... Um blog que possa dar sugestões de eventos, comida, passeio, e outras tantas coisas que a cidade oferece. E hoje nasce o projeto.

Ele nasce já com alguns posts. Não foram escritos hoje, claro, mas levam a data de hoje, por ser o dia que vêm a público. Exceto o primeiro, um texto do Adelson, que leva sua data original, de um ano atrás. Ainda que pudesse ter sido escrito hoje, ou sempre.

Também nasce individual, mas a ideia é que seja coletivo, e para tanto já convidei o Adelson Campos e o Toninho Moura como meus primeiros parceiros. Afinal, a cidade é coletiva, tem mil caras e milhões de corações. Uma única pessoa a falar sobre ela, um único ponto de vista, seria injusto.
Sejam todos bem-vindos, boa leitura, boa diversão e, espero, que o blog possa ajudar cada um a amar um pouco mais esta louca, porém acolhedora, cidade.



O Louco

Eu saia da praça da República e entrava na Barão de Itapetininga. Ao longe, um barulho de algo batendo em objeto metálico. Não dei importância imediata, mas a funcionária da loja de celulares, ao lado de quem eu passava gritou “Ei” e um nome, que não gravei.

Comecei mesmo a prestar atenção, foi a partir da reação dele, que gritou para ela de volta, um “Oi”, tendo como resposta, também gritada, um “hoje cê tá legal, hem?”

Ele voltou a olhar para ela, não disse mais nada. Correu até uma caçamba metálica para entulho e bateu violentamente nela, com alguma coisa que tinha na mão, fazendo novamente o barulho que eu ouvira. A esta altura, eu já estava mais próximo dele.

A ação seguinte foi tirar parcialmente a camiseta que vestia, despindo um dos braços e o peito, deixando-a presa no outro braço e no pescoço.

Abriu os braços como se fossem as asas de um avião. E, rindo alto, fazendo barulho, começou a correr. Passava propositalmente perto das pessoas que caminhavam, distraídas, assustando-as ao desviar-se delas no último segundo. Passou correndo ao lado das araras de uma loja de roupas, não derrubando tudo por muito pouco.

Virou a esquina da rua Marconi, desaparecendo de minha vista, ainda rindo alto e fazendo barulho. Vivendo ao seu modo. Não sei dizer se feliz ou infeliz, mas aparentando não se importar tanto com o mundo “real” que o cerca.

Mesma pintura, dois momentos distintos

Por ocasião da Copa de Futebol da África do Sul, a Prefeitura autorizou ao artista plástico Kobra a realizar uma intervenção na Praça do Patriarca, uma "Pintura em 3D" alusiva ao evento.
Tive a possibilidade de registrar a obra na data de sua inauguração, no dia 30/06/2010. As fotos aqui registradas foram feitas com a câmera do meu celular, que não é lá grande coisa.



Menos de um mês após o término do torneio, ao que tudo indica o desânimo por conta da desclassificação do time brasileiro atingiu também a homenagem, como demonstra a próxima foto, registrada em 31/07/2010, apenas um mês após a inauguração:



Uma pena, na minha opinião. Embora eu não seja a pessoa mais preocupada do mundo com futebol e seus torneios, achei a pintura muito interessante, e uma pena que tenha se degradado tão rapidamente.