Começou como começaria um ataque
no filme “Os Pássaros”, de Alfred Hitchcock: Primeiro uma, discreta, a um
canto. Depois, uma segunda, e uma terceira. Logo, todo o céu estava tomado
pelas nuvens cinza-escuro da chuva.
Enquanto algumas pessoas buscavam
acelerar seus afazeres para escapar da chuva que se anunciava, camelôs trocavam
seus CDs e DVDs piratas, suas quinquilharias, por guarda-chuvas e capas. Onde,
há poucos minutos, se ouvia apregoar o filme “cópia da locadora”, agora eram
anunciados a sombrinha e o “casarão”, o guarda-chuva não dobrável e maior.
A agonia não se prolongou por
muito tempo. Como o rufar de tambores que anuncia o início do espetáculo, o
trovão não havia terminado de soar quando o céu desabou em uma verdadeira
cascata.
Junto com os pingos, a correria
dos pedestres. E a preocupação dos motoristas, conscientes do risco – ou
certeza – de que o trânsito pararia completamente em alguns momentos.
Marquises, toldos e portas de lojas tornam-se espaços
democráticos, divididos por mendigos e donas de casa, estagiários e gerentes,
aposentados e desempregados. Algumas pessoas ainda aproveitam para fazer, nas
lojas, uma compra por impulso, inventando a necessidade que a justifique.
Quando um transeunte mais distraído ou egoísta passa pelo toldo sem desviar seu
guarda-chuva, molhando os que estão ali parados, é igualmente xingado pelas
vítimas, sem distinção de raça, cor, sexo ou condição social.
Espremido entre os abrigados de um toldo, observo a
garota. Pouco mais que uma adolescente. Calça jeans, blusa vermelha, as
sandálias plataforma nas mãos, e não nos pés.
Encharcada. Sorridente. Despreocupada. Caminhando como se
estivesse a passear, quase a dançar, sob a chuva forte. Pisando propositalmente
as poças de água que se formavam ao longo do piso irregular do calçadão.
Aparentemente divertindo-se muito com o que faz.
Percebo-me especulando a respeito do que possa ter
acontecido. Teria sido colhida pela chuva longe demais de qualquer ponto onde
pudesse abrigar-se? Ou teria, apenas, ignorado a água a cair? Seria, como eu,
avessa ao uso do guarda-chuva? Ou fora pega de surpresa, sem dinheiro para
comprar um? Estaria tão contente, antes da chuva, que não viu grande problema
em encharcar-se? Ou simplesmente a chuva lavou-lhe da mente problemas e preocupações
menos importantes do que pareciam?
Nunca vou saber, não importa o quanto eu especule.
Simplesmente, o que pude fazer, foi ver a garota, sempre a sorrir e a pisar nas
poças de água, seguir adiante seu caminho, logo virando a esquina e sumindo de
vista, aparentemente despreocupada.
E deixando para trás uma lição há tantos anos esquecida:
pode ser muito divertido deixar-se encharcar e caminhar sob a chuva, a saltar
nas poças de água.
Ja que o Reflexõe... e Perda de Tempo,esta sem se poder comentar....Entao vou usar este.
ResponderExcluirEnio,hoje faz 5 anos que nos conhecemos, altos e baixos,risos e lagrimas, mistura de historia com a realidade e uma vida que ainda mal comecamos.
5 anos que mudou tua e a minha vida, 5 anos que trouxe um bocadinho do teu mundo para o meu mundo e o meu para o teu.
Obrigado por estes 5 anos de amor, amizade, valeu ter deixado este comentario.
`` existe realmente dogs que sao tao deficeis de se esquecer``
Te amo hoje, amanha e depois....e se nao houver um depois, entao aprendi que o ate hoje foi dos melhores 5 anos que vive.
Rachel